Vícios Construtivos e Defeitos Construtivos: Diferenças, Impactos e Normas Técnicas Aplicáveis

Resumo

As manifestações patológicas em edificações podem ser classificadas como vícios construtivos ou defeitos construtivos, conceitos fundamentais para a engenharia diagnóstica. Essa distinção é essencial para determinar responsabilidades, impactos na vida útil das construções e métodos de correção. Este artigo aborda a diferença entre esses dois tipos de anomalias, seus impactos e as principais normativas aplicáveis, como NBR 15575:2024, NBR 5674:2012, NBR 13755:2017 e Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990).


1. Introdução

A patologia das construções busca identificar, analisar e corrigir manifestações patológicas em edificações, garantindo seu desempenho, durabilidade e segurança. Dentro desse contexto, dois conceitos fundamentais são vícios construtivos e defeitos construtivos, frequentemente confundidos, conforme a ABNT NBR 13752:2024 (Perícias de engenharia na construção civil), são essas as definições: 

  • Vícios Construtivos: anomalia ou falha com origem associada a projeto, especificações de materiais ou execução, que afeta o desempenho de produtos ou serviços, ou os torna inadequados aos fins a que se destinam. 
  • Defeitos Construtivos: anomalias ou falhas relacionadas à solidez e segurança da construção ou que representem ameaça à saúde e segurança do usuário. 

O correto diagnóstico dessas ocorrências é essencial para definir as responsabilidades técnicas e jurídicas, além de orientar soluções eficazes para a recuperação das edificações​

Fonte: acervo técnico Engenheira Marília Araújo, coordenadora da pós graduação em patologia e manutenção das construções do instituto nova engenharia


2. Diferença entre Vícios Construtivos e Defeitos Construtivos

2.1. O que são Vícios Construtivos?

Os vícios construtivos são falhas que prejudicam o desempenho da edificação, mas não necessariamente oferecem risco imediato à segurança. São frequentemente relacionados à estética, funcionalidade e durabilidade dos sistemas construtivos.

Exemplos de vícios construtivos:

  • Fissuras superficiais em revestimentos sem comprometimento estrutural.
  • Desalinhamento de esquadrias, dificultando a vedação adequada.
  • Manchas de umidade devido à ausência de pingadeiras em sacadas.

📌 Normativa aplicável: NBR 15575:2021 – Desempenho das Edificações estabelece critérios para avaliação da qualidade e funcionalidade de edificações habitacionais, incluindo limites aceitáveis para fissuração e durabilidade de materiais.


2.2. O que são Defeitos Construtivos?

Os defeitos construtivos, por sua vez, representam falhas graves, podendo comprometer a segurança, a saúde dos ocupantes e a estabilidade estrutural.

Exemplos de defeitos construtivos:

  • Fissuras estruturais em vigas e pilares, indicando sobrecarga ou falhas no dimensionamento.
  • Caixas de inspeção de esgoto mal projetadas, causando retorno de gases nocivos ao ambiente interno.
  • Falhas na impermeabilização de lajes, gerando infiltração e deterioração de estruturas.

📌 Normativa aplicável: NBR 13755:2017 – Revestimentos de Fachadas estabelece parâmetros para garantir a aderência adequada dos revestimentos, prevenindo falhas severas.

📌 Legislação: De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), defeitos construtivos que afetam a habitabilidade podem ser considerados vícios ocultos, cabendo ao responsável técnico ou construtora a correção.


3. Impactos dos Vícios e Defeitos Construtivos

3.1. Impactos na Segurança

  • Vícios geralmente não representam riscos diretos, mas podem evoluir para defeitos se não forem corrigidos.
  • Defeitos construtivos comprometem a estabilidade estrutural, saúde dos ocupantes e funcionalidade da edificação.

3.2. Impactos Econômicos

  • Vícios demandam correções estéticas e ajustes funcionais, mas raramente exigem reforços estruturais.
  • Defeitos requerem intervenções corretivas complexas e de alto custo, podendo envolver processos judiciais.

3.3. Impactos Jurídicos

  • Vícios são passíveis de reclamações administrativas e correções sem riscos legais severos.
  • Defeitos podem resultar em responsabilização civil e criminal do engenheiro ou construtora, caso haja negligência comprovada.

📌 Normativa aplicável: NBR 5674:2012 – Manutenção das Edificações estabelece a necessidade de planejamento adequado para evitar falhas funcionais e estruturais ao longo da vida útil da construção​Apostila-Dominando-a-Pa….


4. Métodos de Diagnóstico e Correção

4.1. Diagnóstico

A correta identificação dos vícios e defeitos construtivos envolve:

  • Vistorias técnicas periódicas conforme diretrizes da NBR 16747:2020 – Inspeção Predial.
  • Uso de ensaios não destrutivos, como pacometria e termografia, para avaliação da integridade dos sistemas construtivos.
  • Classificação das manifestações patológicas com base na severidade e impacto na funcionalidade.

4.2. Correção

  • Para vícios construtivos: Ações corretivas leves, como selagens de fissuras e ajustes em revestimentos.
  • Para defeitos construtivos: Intervenções estruturais, reforço de fundações, impermeabilização e substituição de elementos comprometidos.

📌 Normativa aplicável: NBR 15575:2021 define critérios de desempenho para correção de falhas em edificações habitacionais.


5. Conclusão

A diferenciação entre vícios e defeitos construtivos é essencial para a engenharia diagnóstica, influenciando diretamente os métodos de inspeção, as estratégias corretivas e as responsabilidades jurídicas.

📌 Resumo dos principais pontos:

  • Vícios construtivos afetam o desempenho da edificação, mas não comprometem a segurança.
  • Defeitos construtivos são falhas graves que exigem correções imediatas para evitar riscos aos usuários.
  • A normatização e a manutenção preventiva são fundamentais para evitar manifestações patológicas e prolongar a vida útil das edificações.

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Referências Bibliográficas

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575:2021 – Desempenho das Edificações Habitacionais.
  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5674:2012 – Manutenção das Edificações – Procedimentos.
  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13755:2017 – Revestimentos de Fachadas – Requisitos.
  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16747:2020 – Inspeção Predial – Procedimentos.
  • BRASIL. Código de Defesa do Consumidor – Lei 8.078/1990.

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